Todos estamos estarrecidos com os acontecimentos das últimas semanas, que culminaram em uma crise sem precedentes no governo estadual do RS. Com a comprovação, por escutas telefônicas realizadas pela Polícia Federal e pelo (vejam bem) Vice-Governador, Paulo Feijó, de irregularidades cometidas pelo governo, a legitimidade da Administração Yeda Crusius põe-se questionada perante aos olhos da opinião pública.
Todos ouvimos Cezar Busatto, então Chefe da Casa Civil, braço direito da Governadora, comentar com o Vice-Governador, em gravação realizada por este, as falcatruas que ocorrem na gestão pública, com o super faturamento de obras públicas e desvio de dinheiro público para financiamento de campanhas partidárias, além de benefícios pessoais, é claro. Como justificativa, ouviu-se do ex-chefe um sonoro ar de conformidade com o fato, como se isso devesse ser encarado com normalidade, mostrando um total desrespeito pelos que trabalham de sol a sol e pagam seus impostos. É uma afronta às pessoas de bem, que prezam a honestidade acima de qualquer outra coisa. As afirmações de Busatto e suas tentativas de desviar a conduta de ação do Vice-Governador, por si só, já configuram-se em corrupção ativa.
A tática adotada pelo governo foi atacar o Vice-Governador, tentando desqualificá-lo, condenando a atitude do registro de conversas privadas e sua posterior delação pública, como um ato de infidelidade.
Ôpa. Parem o trem que eu quero descer. No caso, o conceito de infidelidade é subjetivo. O Vice-Governador foi infiel a que, afinal? No momento em que ventilou a conversa quem ele traiu exatamente? A corrupção do governo e o descaso com o dinheiro público ou suas convicções morais e condutas pessoais? Por que será que quando alguma denúncia de irregularidade é efetuada pelo Fantástico, com a utilização de câmeras escondidas e conversas gravadas, ninguém acusa a Globo de falta de ética, infidelidade ou qualquer outro enquadramento que possam inventar?
Paulo Feijó prestou um serviço aos gaúchos. Mas agora é hora de sair de cena e renunciar. Ficar no governo seria o mesmo que compactuar com o modelo de gestão atual. Sua renúncia abriria caminho para o impedimento da Governadora, citada nas conversas como quem teria a voz final no processo de tomada de decisão da roubalheira instaurada.
Em momentos assim, gostaria de saber se os envolvidos não se lembram que, além do nome a zelar, seus atos desonestos podem prejudicar também as vidas de suas famílias, esposas, maridos, filhos. Sim, porque um dia a casa cai. E a do governo atual desabou.
A meu ver, a comprovação dos fatos muda o panorama das próximas eleições. Fogaça vai receber de braços abertos o apoio da Governadora? Onyx vai continuar defendendo o Vice-Governador caso ele permaneça no governo? E a Manuela? Vai insistir na aliança com o PPS, após as declarações de Cezar Busatto?
Não há nenhuma previsão que seja possível ser feita para as próximas eleições em Porto Alegre. De certo mesmo, apenas que o Governo Yeda perdeu a legitimidade.
Que das investigações da Polícia Federal, do Ministério Público e das CPI's venham resultados que punam, exemplarmente, os maus políticos. Aliás, já começo a achar razoável e aceitável generalizar a classe política. Afinal, a cada dia, muitos são desmascarados, infiltrados em maracutaias, roubalheiras e demais delitos. São tantos que, realmente, devemos refletir se os ladrões de gravata não são mesmo a maioria.
A oportunidade para tentar mudar a situação é agora. Caso contrário, mais uma saborosa pizza vai para o forno para lá ser esquecida.
segunda-feira, 9 de junho de 2008
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