sexta-feira, 18 de abril de 2008

Segurança é Cuidar das Pessoas



Na tarde de hoje recebi um e-mail do meu ex-colega de colégio Rodrigo Lorenzoni, com um artigo sobre segurança pública, o qual está transcrito abaixo, de autoria de seu pai, Onyx Lorenzoni (DEM-RS), Deputado Federal e candidato ao próximo pleito municipal de Porto Alegre. Minha intenção com este blog, de maneira alguma, é fazer campanha política para determinado candidato. Tanto que, postarei aqui, com prazer, artigos de outros candidatos ou figuras públicas, desde que com o consentimento dos mesmos.
A publicação do artigo do Onyx explica-se pela minha proximidade com o Rodrigo, após 11 anos de coleguismo e mais de 20 anos de amizade, e pelo fato de ele ter achado este espaço interessante para publicação do material. Aliás, eu também acho, já que este blog está permanentemente aberto para qualquer tipo de contribuição, independente da ideologia de quem a assina.
Ademais, o assunto do artigo é interessantíssimo e aborda um dos grandes problemas sociais da sociedade mundial, em particular aqui do Rio Grande do Sul.
Desde já, agradeço ao Rodrigo e ao Onyx Lorenzoni pela contribuição, lembrando que qualquer pessoa pode enviar-me artigos (reforço: independente da ideologia neles contida), através do endereço eletrônico vicogrimberg@hotmail.com
Boa leitura.

Vico.

Segurança é Cuidar das Pessoas
Por Onyx Lorenzoni*

Segurança pública de qualidade é aquela que une ações policiais eficientes com investimentos na área social. É, antes de tudo, uma política de resgate da dignidade e da cidadania. Não adianta apenas armar e equipar a polícia. É preciso cuidar das pessoas, principalmente das crianças, investindo em programas sociais que melhorem a qualidade de vida da população.
No mundo todo, as experiência bem sucedidas, como a que testemunhei em Bogotá, na Colômbia, são fruto de ações governamentais direcionadas para a melhoria das condições de vida da população, como programas educacionais que unam o estudo ao esporte, um atendimento a saúde eficiente e que respeite as famílias, viabilizando desta forma a recuperação da auto-estima das pessoas. Estou convencido de que sem cidadania não há segurança possível.
Um aspecto importante da política de segurança pública é o envolvimento das prefeituras neste processo. Elas podem desenvolver políticas de prevenção através das Guardas Municipais, que, no meu entendimento, estão para a segurança pública como os agentes comunitários para a saúde: impedem que a doença se espalhe. A ação dos guardas municipais é efetiva, conta com o apoio da população e incomoda a criminalidade.
A prevenção é fundamental, porque não deixa o crime acontecer. Toda vez que a polícia corre atrás do bandido que cometeu um delito é sinal de que a sociedade está correndo atrás do prejuízo. E um sistema de prevenção eficiente deve ser baseado em duas coisas: inteligência para prevenir e investimentos sociais.
Hoje nosso sistema de segurança pública funciona de maneira reativa. Ou seja: é uma máquina programada para perseguir e prender criminosos. Isso acontece tanto com o ladrão batedor de carteiras preso pela Brigada Militar, como com o malandro de colarinho branco fisgado por uma destas operações da Polícia Federal. Creio que devemos inverter essa lógica, substituindo a reação pela prevenção e criando condições para que os crimes – pequenos ou grandes – não ocorram.
Houve um tempo em que segurança pública era sinônimo de repressão. Atualmente, ela é conseqüência do investimento em qualidade de vida.


* Onyx Lorenzoni é Veterinário, Deputado Federal (DEM-RS) e Candidato a Prefeito de Porto Alegre.

sábado, 12 de abril de 2008

Ideologia?



A palavra "ideologia" não deveria constar mais no dicionário da língua portuguesa falada no Brasil. Ela deveria pular da seção da letra "i" para a letra "c" e ser substituída pela palavra "coligação".

Não aquela coligação entre partidos de ideologias semelhantes, que lutam pelo mesmo fim. Esse romantismo não existe mais nas coligações partidárias da política nacional. A prática hoje é a coligação na sua mais nefasta face e no pior sentido da palavra.

A onda agora é coligar para arranjar uma "boquinha" no governo... um ministério... uma coordenação de órgão público... até cargo de baixo escalão já está valendo. Qualquer coisa que garanta uma certa influência. Assim fica mais fácil desviar daqui, roubar dali, tirar vantagem acolá. Afinal, se todos roubarem juntos, não vai sobrar ninguém para denunciar a corrupção. A não ser o jornalismo investigativo. Essa parece ser a forma mais eficiente de combate à roubalheira no Brasil.

Não se coliga mais por convicção. Coliga-se por interesses. Quem imaginaria o PT aliando-se ao PSDB? Apesar de alguns estados ainda não terem engolido a idéia, em Minas Gerais isso já está em curso.

Lula inseriu no seu governo adversários históricos do PT e mandou às favas a ideologia do tempo de oposição e do próprio partido. A coisa está tão sem sentido que as únicas pessoas que mantiveram-se fiéis à ideologia petista lá do início, acabaram sendo expulsas do partido: Luciana Genro, Babá e Heloisa Helena, que acabaram fundando o P-SOL. No mais, parece que o PT é um PMDB com outra sigla.

E aqui no Rio Grande do Sul a gente também pode comprovar outros contrasensos políticos. Dissidentes famosos do PMDB, totalmente inclinados para a direita, filiaram-se ao mesmo partido de Roberto Freire (um dos expoentes do esquerdismo nacional), o PPS. Esse grupo era composto, principalmente, por Antônio Britto, Nelson Proença, Berfran Rosado, Cézar Busatto, Paulo Odone, Iara Wortmann, Mario Bernd, Clenia Maranhão e José Fogaça. Este, por sinal, acabou elegendo-se pelo partido para prefeito de Porto Alegre e depois acabou bandeando-se de volta ao PMDB.

E o PPS vai coligar-se com o PC do B aqui em Porto Alegre. Até que essa coligação não me surpreenderia, afinal são partidos, historicamente, de esquerda. Agora, fica difícil conceber a idéia de ver Cézar Busatto, Paulo Odone ou Antônio Britto, entre outros que apoiavam Rigotto, FH e Serra, promoverem bandeiraços nas esquinas da capital em favor da candidata Manuela D'ávila (PC do B) que, ao que tudo indica, vai bater forte no atual prefeito, que o próprio PPS elegeu. Pois no Rio Grande do Sul, o PPS tem muito mais a cara da direita, não lembrando em nada o histórico de ideais do partido. O PPS não tem mais identidade.

Infelizmente, a política virou um grande negócio. E a ideologia se perdeu. A não ser que exista gente que tenha o fato de esconder dinheiro em cuecas e de comprar votos de deputados como ideal de vida.

Cazuza reviraria-se no caixão se soubesse que sua letra da música "Ideologia" mudaria do original "ideologia - eu quero uma para viver" para ser entoada em voz alta por muitos políticos: "ideologia - sem ela eu posso me eleger".

segunda-feira, 7 de abril de 2008

ELEIÇÕES 2008 - Disputa Acirrada em POA



A pouco mais de 06 meses do pleito municipal, as primeiras pesquisas de intenção de voto começam a ser divulgadas pela imprensa em geral e sites especializados.

No último sábado, dia 05, o IBOPE divulgou os primeiros dados quanto às próximas eleições para a Prefeitura de Porto Alegre, dando-nos a idéia de que todos os elementos para uma disputa acirrada e emocionante estão postos à mesa.

De um lado, o Prefeito atual, José Fogaça (PMDB), vem liderando com 25 pontos percentuais. De outro, a oposição vem com duas fortes frentes femininas: As Deputadas Federais Maria do Rosário (PT) com 20% e Manuela D'ávila (PC do B) com 17%. Considerando a margem de erro de 4 pontos percentuais, podemos dizer que os três candidatos estão em empate técnico.

Mais atrás, vêm Luciana Genro (PSOL) com 9%, Onyx Lorenzoni (DEM) com 8%, além de José Fortunati (PDT), Nelson Marchezan Junior (PSDB) e Mônica Leal (PP) com 3, 2 e 1 pontos percentuais, respectivamente.

Se o PDT concorrer com Vieira da Cunha ao invés de José Fortunati, a única alteração ocorreria com relação a Onyx Lorenzoni, que passaria a 7%, com o candidato pedetista figurando com 4 póntos percentuais.

Ainda parece cedo para fazermos alguma projeção, uma vez que a campanha oficial ainda nem começou. No entanto, quem vive o dia-a-dia da capital gaúcha já nota que a corrida para o Paço Municipal está a pleno vapor.

Com uma administração discreta, sem maiores sobressaltos, José Fogaça sai na frente, em que pese a margem apertada. Além disso, em tese, quem tem a máquina pública a seu favor possui alguma vantagem. Prova disso é o alto índice de eleição de detentores de cargos públicos majoritários que concorrem a novo mandato; Prova disso é a popularidade do Presidente da República, que sabe, como ninguém, como tirar proveito da máquina governamental, o que se reflete em alto grau de popularidade.

Aliás, minha sugestão é que os candidatos à Prefeitura de qualquer cidade brasileira não "batam" muito nas ações do Presidente e nem exagerem nas críticas ao Governo Federal, por mais merecidas que elas sejam. Com índices de aprovação na estratosfera em favor de Lula, criticar seu governo em demasia, durante as eleições, pode ser um tiro no próprio pé.

Essa deve ser a tônica da próxima campanha.

A Crise Americana e a Blindagem do Brasil


O Brasil vive momentos de euforia econômica, com criação de postos de trabalho, aumento de renda da população, aumento do consumo e aquecimento do setor produtivo, em uma cadeia cíclica, como há tempos não se via por aqui. Tudo muito bonitinho, tabulado sob a forma de números comparativos com períodos anteriores, para o Lula se gabar em um desses palanques erguidos no interior do Brasil para inaugurar alguma obra do PAC.

Aliás, vocês já viram algum desses discursos de inauguração de obras do PAC pela TV? É engraçado, porque a platéia (em geral composta por pessoas pobres, com pouca instrução e oportunidades) vibra, aplaude, grita o nome do Presidente e delicia-se num regojizo de esperança nas palavras otimistas do nosso líder e no discurso de que as coisas estão melhores e vão melhorar ainda mais.

Isso não é esperança. É desespero. A situação anda tão crítica, que o pessoal já está se agarrando a qualquer coisa boa que vem da boca do nosso ilustre Presidente, na ilusão de que, agora, "a coisa vai". Pobres de nós. Além de um pequeno benefício aqui e ali, os números que o Presidente divulga a plenos pulmões só interessam aos detentores do capital e, claro, à classe política.

É...economia estável; frearam a taxa de juros (lá no alto, é verdade); inflação controlada; tudo bem. Só que os efeitos desse "momento único" ainda não são sentidos em grande escala social. Os efeitos são ínfimos, perto das necessidades de um povo miserável como o nosso.

Mas brasileiro é otimista. Brasileiro é persistente. Então vai lá e bate palmas pro Lula no "comício" do PAC. Porque se dizem que as coisas estão melhores para alguém, vá que não melhorem para nós também, algum dia.

Voltando ao assunto, os Estados Unidos, maior potência econômica mundial, vive um período amargo. Uma crise financeira tenebrosa que, por conta da Globalização, afeta ao resto do mundo. Eu voltei dos Estados Unidos há menos de um mês e vi de perto a situação. Desemprego em alta, rendimento da população em queda, desaceleração da produção, em uma cadeia cíclica que joga, cada vez mais, o país em uma situação de queda-livre. Tudo ao contrário do que o brasil vive hoje.

O mercado imobiliário americano atravessou um "boom" nos últimos anos. E o mercado financeiro mundial apenas observava, com certo temor, sobretudo ultimamente. O medo era exatamente sobre a oferta de crédito disponível, já que a taxa de inadimplência do setor aumentou, uma vez que o tal "boom" sustentou-se sobre pessoas que não tinham um perfil tão confiável, portanto com menos garantia de pagamento. É o que se chama de "subprime" (ou crédito de segunda linha). Em suma, emprestaram dinheiro demais para quem se sabia que não poderia pagar. E deu no que deu. Porcausa do alto volume de dinheiro disponível o "subprime" foi um setor que cresceu muito, o que faz a crise atual crescer proporcionalmente ao seu tamanho.

Como os empréstimos "subprime" embutem maior risco, eles têm juros maiores, o que os torna mais atrativos para gestores de fundos e bancos em busca de retornos melhores. Estes gestores, assim, ao comprar tais títulos das instituições que fizeram o primeiro empréstimo, permitem que um novo montante de dinheiro seja novamente emprestado, antes mesmo do primeiro empréstimo ser pago. Também interessado em lucrar, um segundo gestor pode comprar o título adquirido pelo primeiro, e assim por diante, gerando uma cadeia de venda de títulos.

Porém, se a ponta (o tomador do empréstimo) não consegue pagar sua dívida inicial, ele dá início a um ciclo de não-recebimento por parte dos compradores dos títulos. O resultado? todo o mercado passa a ter medo de emprestar e comprar os "subprime", o que termina por gerar uma crise de liquidez (retração de crédito). E a quebradeira é geral, em efeito cascata.

Até agora, ninguém sabe calcular quanto os bancos e fundos de investimento têm aplicados nesses créditos de alto risco. E, nessa incerteza, o dinheiro pára de circular: quem possui recursos sobrando não empresta e quem precisa de dinheiro para cobrir falta de caixa não encontra quem forneça. Mais quebradeira, freando a produção, aumentando o desemprego e diminuindo o consumo.

Mas o que isso tem a ver conosco?

Buenas... primeiramente, com relação às Bolsas de Valores: como regra geral, investidor tem aversão a riscos. Os que investem em ações preferem sair das Bolsas, sujeitas a oscilações sempre, e aplicar em investimentos mais seguros. Além disso, os estrangeiros que aplicam em mercados emergentes, como o Brasil, vendem seus papéis para cobrir perdas lá fora. Com muita gente querendo vender, os preços dos papéis caem, no que chamamos de deflação de demanda. Então o mercado financeiro se torna extremamente volátil em todo o mundo.

No âmbito macroeconômico, as exportações brasileiras poderiam ser afetadas, o que refletiria em uma diminuição na produção, resultando em alta do índice de desemprego. No entanto, a economia brasileira é bem diversificada e os Estados Unidos, apesar de grande comprador de produtos brasileiros, não é mais fator tão determinante no desempenho do setor exportador do país. Prova disso é que, com toda a crise americana e mesmo com dólar desvalorizado, a balança comercial continua superavitária.

Além disso, ao contrário do passado, quando a expansão da economia estava muito concentrada nas exportações, o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) nos últimos trimestres foi sustentado pelo mercado interno. Isso fortaleceu a indústria nacional, aumentando os níveis de emprego e de renda, estimulando o consumo e fazendo girar as engrenagens da economia.

Apesar de a taxa de juros no Brasil ainda estar entre as mais elevadas do mundo, nos últimos anos houve movimento de redução dos índices e acesso ao crédito, especialmente o imobiliário. Como o déficit habitacional brasileiro é de quase 8 milhões de moradias, construtoras e incorporadoras nunca venderam tanto.

Além disso, o Brasil praticamente zerou sua dívida pública em dólares. As contas estão equilibradas, o superávit primário tem ajudado a reduzir a relação dívida-PIB e a inflação está sob controle, dentro das metas do Banco Central.

Talvez esses sejam os motivos de ainda não sentirmos os efeitos da crise americana por aqui. Há uma certa robustez econômica no Brasil. Mas apesar do cenário otimista, não dá para dizer que estamos totalmente blindados. Ninguem está. Hoje em dia, na economia globalizada, uma coisa é ligada a outra. Com certeza, nossa economia vai levar algum arranhão, mais cedo ou mais tarde.

Agora, imaginem que beleza se o governo diminuisse a carga tributária dos empregadores e empregados? Haveria mais produção, mais emprego, mais dinheiro girando e, por conseqüência, crescimento de arrecadação do governo em forma de impostos, já que seria possível taxar um número maior de contribuintes, sem uma carga tributária tão grande.

Acho que aí mora o segredo para uma maior distribuição de renda da nação e a solução para um problema histórico nacional.